Águas passadas e Bom Natal!

Há uns anos, ia pelo caminho a chutar as pedrinhas que apareciam pelo meio! Gostava de olhar as pessoas nos olhos, para ver a reacção delas.
Chegar a casa, pousar as coisas, fosse onde fosse! (Alguém acabava por arrumar.) Esticar-me no sofá e o que o mundo me dizia.
Sentar-me de pernas á chinês a escrever o que me passasse pela cabeça. Deixar as canetas em cima da cama, bem como a minha mãe detestava!
Acordar só quando o pequeno-almoço estava na mesa!
Chamar-te, só para ouvires o que tinha aprendido!
Ver-te a arrumar, com todo o cuidado, aqueles lenços.
Abrir aquela caixa e ouvir a música que me levava a sonhar…desejar que quando fosse “grande”, fosse como tu.
Passear-me pela casa com os teus óculos, os teus lenços, lábios pintados com aquele teu baton, e andar toda torta com aqueles sapatos, que me faziam senhora por momentos!
Fazer a árvore de Natal e tentar adivinhar o que me irias dar!
“-Vens-me tapar?”, para finalizar outro dia.
“-Quanto mais cedo adormecer, mais rápido é!
-Mais rápido?
-Sim! É só fechar os olhos…e já é amanhã! É um instante!”

As pedras continuam a ser chutadas, continuo a olhar as pessoas, a pousar as coisas em qualquer lugar, a ouvir o mundo. Continuo a escrever de pernas à chinês e a deixar as canetas na cama!
Continuo a ter a pontaria do pequeno-almoço!
Já não te vejo.
Os lenços estão fechados na gaveta! A caixa continua lá. De vez em quando abro-a, para ver se ainda toca. Os óculos estão junto dos lenços, o baton está sempre comigo e os sapatos….esses já não me servem!
Agora quem faz a árvore, sou eu!
Ninguém me tapa….eu enrolo-me nos lençóis!

Há coisas que mudam…mas o Natal fica sempre!

Bom Natal….com ou sem tapa-orelhas, para proteger do frio!

(: **