maio 29, 2009

Ses.


Apetecia me entrar e ficar a ver-te dormir. Ver como tremes os olhos quando dormes profundamente. Respirar ao mesmo tempo que tu.
Às vezes penso como seria se eu tivesse conseguido. Sentirias a minha falta? Chorarias? Ou já nem isso conseguias fazer por mim?


Ainda tiras uma meia enquanto dormes? Ainda não consegues adormecer sem ninguém em casa? (esquece…isso sou eu. Era eu. ) Ainda não consegues dormir com uma mão que seja, fora da cama? (esquece…isso sou eu. Era eu. Agora até o chão da sala me serve.)

Ainda me abraçavas enquanto dormia? Ainda acordavas a meio da noite para me ver dormir, se eu não tivesse tentado? Se tu não tivesses ido… se eu não tivesse partido desde cedo. Se eu tivesse tentado….éramos nós?

Não! Não me liguem hoje. Não me venham tocar à porta para saber se estou viva. Não me venham falar. Não me liguem. Não perguntem por mim! Deixem-me ! DEIXEM-ME! Hoje nem ao Fernando , Dr, me apetece ir. Não, não me apetece ir esfragar-lhe a treta de vida dele na cara, nem falar mal dos óculos… coitado, ele até tem paciência! Mas não, hoje não! (hoje não? Já não pões lá os pés há um mês!)

(vibração do telefone)
(p’ra quê que ainda tenho isto em silêncio? Já não há bebé para acordar!)

“- Consultório
A chamar. “

EU DISSE PARA NÃO ME CHATEAREM!!!!

-“ Estô” sim?
- Maria? É o Dout… É o Fernando...
(o que é que este marmelo quer agora?)
-Sim , Sr. Doutor?
- Passa-se alguma coisa? A que se deve o seu desaparecimento?
- Detesto consultórios.
-Perfeito, eu também já ando farto deles. Dentro de dez minutos estou aí. Se a Maria não vem até aqui, vou eu até a si.

E desliga assim?! Eu disse que queria estar sozinha! DEIXEM-ME EM PAZ!


(campainha toca.)

Já?! Disseste DEZ MINUTOS! Detesto a porcaria dos telemóveis nos consultórios, só enganam!

(campainha toca) (outra vez)

-Maria?

Abro?

maio 25, 2009

Tudo o que a fizer sentir melhor.


Há quantos dias é que olhas para mim? Deves ver bem…ou então fixas-me (te) (em mim) para ver se consegues perceber alguma coisa. Sim, deve ser isso. Por que raio ia olhar para uma “esgroviada”? É, deve ver mal o Sr, coitadinho. Devia ter tomado banho…quando foi o último? À sim, foi ontem. Ainda estou apresentável. Estou?
É, deve ver mal o Sr…. Hum…interessante. Vês mal mas até és interessante. Pena que seja “esgroviada”, coitadinha!
.

“Pra” quê que continuo aqui a vir? Este gajo só me faz perguntas estúpidas às quais já sabe a resposta. Só sabe escrever com os óculos na ponta do nariz. (Deve ver mal também! Nem com óculos. ) Ainda por cima pago-lhe para isto! Pago?

- Então e hoje já vamos falar melhor, Maria?
- Sabe, na verdade não. Não me apetece, muito cedo. Como é que tem paciência? Calma, como é que TENS paciência? Desculpa, mas já venho aqui há meses, acho eu ,ganhei este direito, não?

(sinceramente não!)

- É como preferir!
-PREFERIRES! Nunca gostei de cordialidades da treta. Qual é mesmo a pergunta de hoje? Calma, Eu não sei o teu nome! Sei?
- Dr. Fernando!
- Não me enganas! O Dr. Não vem no nome. Sabes…vais ser o Fernandinho! És pequenino e tudo!


(não imaginas o quanto eu NÃO TE SUPORTO!)
-Tudo o que a fizer sentir melhor. Então vamos lá!


Pago a este gajo e este marmelo ainda se senta numa poltrona para me ouvir. Não, não me deito nisso. Não, não me sento. DÁS-ME SONO!

-Hoje vou falar em pé, está bem? Estou muito eléctrica. Acho que um homem me anda a perturbar. É bonito até, mas vê mal coitadinho. Sempre que apanho o comboio lá está ele a olhar para mim com uma caneta fluorescente na mão. Sabes, eu DETESTO coisas fluorescentes. Mas sabes o que é detestar?


(Sei! É o meu sentimento para contigo. Sou psiquiatra, não conselheiro matrimonial. O que vale é que ao menos me pagas!)


Por falar em detestar, eu DETESTO que comam a salada directamente da saladeira.
- Então e como se tem sentido?


(já falavas na tentativa de suicídio, não? Já lá vão 6 meses…)


- Ó Fernandinho, que simpático que és em perguntar! Sabes, eu nem gosto de cá vir…esses óculos irritam-me. Mas não tens culpa, não é? Vês mal…coitadinho. Mas voltando à questão….
Não sei…está um tempo mesmo manhoso não está?

(Sabes… esse “electricismo” todo é sinal que és uma perfeita doente. DOENTE! Estou farto de DOENTES!)


Mas continuando, detesto coisas fluorescentes. De resto está tudo na mesma.
- O que é estar na mesma?
- Ora, então, não sabes? Janto se me apetece, durmo se me apetece, choro se não me apetece, insulto quem me apetece…sabes, gosto de dizer tudo! Já disse que esses óculos te ficam mal e irritam-me?
-Já. Por acaso já. Mas não estamos aqui para falar de mim.
- Pronto, sendo assim vou embora, Hoje não me apetece. Adeus adeus, até à próxima que vou partir!
(não, ainda não me apetece falar do que queres ouvir! Para a semana talvez!)

-Até para a semana, Maria!

maio 24, 2009

pergunta/resposta (?)

Tinha-lhe pedido respostas e foi isso que ela lhe deu.
Não gostava da resposta. Respostas…sempre gostou delas, mas não daquelas.

Respostas.

Porquê? Por quem? Por quê? Para quem? Com quem? Onde? Por onde?

E foi respostas que ouviu. Não gostava daquelas respostas.
Silêncio, e foi silêncio que ouviu o dia todo. Resposta. Respostas. O silêncio tinha respondido.

Não gostava daquela resposta.

E a pergunta?~
Já foi feita há muito.

E a resposta?
Acho que não a tenho…

Então adeus.
Não afastes os teus olhos dos meus.

Já não são os teus.
Então adeus? Assim?

Não sei.
Fica…

Não sei se quero. Não sei se te procuro. Não sei o que procuro. Não sei…

maio 23, 2009

Sr. Fulaninho



Dia sim, dia não apanha o comboio das 09:24h. Chega perfeitamente a tempo ao comboio anterior, mas nunca gostou de ir apertada e aquele vai sempre cheio! Duas paragens- S. Bento.


Fato e gravata, camisa branca (sempre), mala na mão direita , óculos (nunca de sol) e lá estava o Senhor, sempre no mesmo sítio. Entramos sempre na mesma carruagem e lá vai o Sr. Sem nome para a sua cadeira do costume. (está sempre vazia…estará reservada e eu não sei?) Duas paragens e fico-me por ali.


Aposto que é bancário ou trabalha nos CTT, só pode. Cheira bem e tem cara de simpático, só pode.


Num dia em que o sono deixou ver, depois das duas paragens de comboio, das duas do metro, lá reparou que a gravata era dos CTT.

09:24h

Comboio
Duas paragens

Metro
Duas paragens.

Qual será o seu nome? Tem cara de Sr.João …(mas toda a gente se chama João?)

Às 09:24h lá entra ela no comboio. Encosta-se ao lado da porta e ali fica, mesmo que o comboio esteja vazio. Tira os Phones antes do Sr. Revisor lhe pedir o pass.


Duas paragens e lá sai ela apressada. Engraçado que quando parece que tem mais pressa, é quando lhe pedem informações. E ela, simpática, tira os óculos (sempre de sol), tira os phones e ajuda-os no que puder (à excepção quando o sono fala mais alto, lhe perguntam como ir para Gaia e manda-os para Matosinhos!). É educada a rapariguinha…


Dia sim, dia não, lá apanhamos nós o mesmo comboio.

Duas paragens.

Metro.

Duas paragens e ela sai.

Como se chamará ela? É a rapariguinha …

Senhor João não, todos se chamam João! A partir de hoje, Sr. Fulaninho!

maio 17, 2009

Casa Nova

Casa nova, aspecto novo!

Fico-lhe muito agradecida Sr. Ailaife pelo trabalho que teve em pôr os artigos todos aqui!

Obrigada a todos "que me leram", agora continuo aqui (:

maio 12, 2009

(último) Tic Tac

Os últimos dias tinham demorado séculos a passar, mas finalmente tinham acabado.

Agora que estava ali mesmo em frente à porta de casa dele, pensa que deveria ter dito alguma coisa. E se ele não estivesse em casa? Ou se não gostasse da surpresa? A resposta estava quase a ser dada.

Mesmo antes de tocar a porta abriu-se:

- Sua badameca! Bem me parecia que estava a sentir alguém à porta!

(abraço como há muito já não sentia e beijo na testa.)

(ainda cheirava a flores o cabelo dela.)

Sabia que me estavas a mentir, não sabia era ao certo quando vinhas! Ainda não aprendeste a mentir?

- Ao que parece…não! Mas foi surpresa na mesma, não sabias quando vinha!

-Vou tomar um banho rápido e vamos jantar, ok?

Enquanto ele tomava banho, reparou num monte de cartas com o seu nome.

Se têm o meu nome, são para eu ler!, pensou. E assim foi!

Todas as cartas falavam em episódios já muito antigos (como é que ele ainda se lembrava daquilo?). Desde a queda em casa dele , quando ela se decidiu percorrer a casa a correr em meias, cuecas e t-shirt só para ir tomar banho antes que ele (“ -Não ajudes! Continua aí a rir-te que eu não me magoei nem nada! “,adorava quando ela amuava!), até à caixa de “matrioscas” feitas com caixas do Mc Donalds , poucos meses depois de terem começado namorar.

Falavam em saudade e neles os dois. Também explicou porque é que nunca lhe tinha dito que estava doente (mas isso, ela sempre soube!).

- Antecipaste-te! Era só para leres depois!

-Não faz mal, não tinha nada para fazer!

Abraçou-o…não o queria perder mais . (Pede-me para ficar, pede-me para ficar!)

(Diz que não queres ir…diz que não queres ir!)

Obrigada! (obrigada bastava, ele sabia perfeitamente que aquelas cartas lhe diziam muito. Ela sempre lhe pedira para ele lhe escrever e ao fim daquele tempo todo, lá conseguiu.)

Pouco jantaram, nem um nem outro tinham fome. As palavras saiam-lhes da boca como o “tic tac” dos relógios, sem parar. Ela contou-lhe como tinham corrido os dias no estágio e ele, como todas as enfermeiras (supostamente) “lhe tinham feito olhinhos”!

Tic Tac

Tic Tac

Tic Tac

Eram 04:56h e estavam novamente à porta de casa dele. (Pede-me para ficar, pede-me para ficar!)

-Bem, preciso de descansar! Amanhã a minha mãe ficou de passar por cá de manhã!

(ok, não me peças para ficar! E voltar? Pede para voltar amanhã…)

- Ok bonito, eu também preciso de descansar, estou cansada da viagem! Vemo-nos amanhã?

A cara dele estava tensa…

- Entra um bocado.

(não é este entrar que eu quero! O que é agora?)

Tu estás-te a iludir outra vez !

- A iludir? Que conversa é essa?

- Deixa-me acabar! Tu não podes estar comigo durante dois anos, deitar tudo a perder e voltares um dia, passados outros dois anos como se nada fosse. Não me podes exigir isso, não podes exigir que eu esqueça que esse corpo já esteve em braços, que não os meus. Não me podes pedir para esquecer de um dia para o outro. Por isso, sim estás-te a iludir. Estamos a ir muito depressa!

(a minha alma está parva! Ele tem razão….)

- Eu sei que não posso, e nunca te pedi isso! Mas caramba, já viste que juntos somos muito mais!? Não te pedi para me aceitares de um dia para o outro, ou para esqueceres. Eu sei que não vais esquecer.

(Gosto tanto de ti….)

- Vamos com mais calma…dá-me espaço!

-Não quero espaços! Já me chegaram os espaços! Dois anos não chegaram?! E nestes meses todos que estivemos juntos?! E estas cartas?

(o que é que me estás a fazer? Não me tires assim o tapete, não assim!)

- Isso é tudo verdade, é tudo real. Também sinto isso tudo que tu sentes…mas põe-te na minha situação! Quem me garante que não voltas a fazer o mesmo?

-Para isso não tinha voltado passado tanto…demorei, mas percebi! És tu…só tu….


Tic Tac

Tic Tac

- Tenho medo….

- Eu também… mas não é a fugir que se resolve.

- Não é fugir…é só um espaço. Clarificar ideias.

(Mais ainda? Para mim está tudo muito claro! Não me deixes ir….)

- Ok…eu vou indo então! Sabes onde me encontrar.

E foi assim embora. Sem um adeus, sem um até amanhã, sem um “liga-me”, sem um abraço, sem um beijo.

(o que é que queres? tu é que quiseste assim!)

Não podia acreditar. Tudo o que mais receava, aconteceu. Caiu-lhe o mundo em cima das costas! Não podia ter sido assim… não podia. Os olhos estavam cobertos de lágrimas, só queria ir para casa e adormecer. Só acordar quando ele a for buscar! (Não acredito! Não acredito! )

Só queria chegar rápido…bem rápido!

Tic……………….Tac

E de repente tudo deixou de ser rápido, confuso ou desfocado. Ela foi mesmo em frente a um camião e morreu nessa noite.


Tudo tinha parado ali. Não havia mais cheiro a flores no cabelo, não havia mais mensagens a meio da noite. Não havia sofá suficientemente pequeno para caber só ele. Não havia mais futuro, não havia mais “nós”, não havia mais a oportunidade de serem eles outra vez.

Ele não tinha mais a oportunidade de lhe dizer que só precisava de uns dias, que na verdade queria que ela fosse viver com ele, mesmo não sendo os dois quem foram, podiam ser muito melhor.



TIc….



Por vezes ainda sentia o cheiro dela lá em casa, alguém que por momentos parecia ser ela na rua…mas não valia a pena olhar para trás. Não era ela…nunca mais a iria ver ou sentir.

Que interessa ter vencido isto dentro de mim, se já não estás aqui comigo? Estou morto por dentro, desde aquela noite em que foste.

Tac.

(o relógio calou-se para sempre.)



-Fim-


maio 09, 2009

- 1 mensagem nova




Os dias custavam cada vez mais a passar.



Para ela, o laboratório parecia cada vez mais apertado e abafado, precisava de sair dali. Queria voltar mas não sabia se o seu regresso iria ser o desejado. Queria voltar (isso é certo), mas para onde? (ou para quem.).



Queria aparecer-lhe à porta e ele nunca mais a deixar partir. Ou se partisse, partiam os dois.



Queria voltar…mas como ia ser ao certo? Queria o antigamente, mas sabia perfeitamente que tal era impossível. Talvez a mudança não fosse tão má, ambos eram outras pessoas com novos caminhos . (Porque é que se associa mudança a uma coisa necessariamente negativa?)



Ele nunca a ia perdoar pelo facto de ela ter partido sem explicação ou motivo aparente, e de repente, voltara completamente diferente. Dizia ser a mesma, mas disso ele tinha a certeza : não era (mesmo) ela. Se assim fosse, nunca tinha deixado para trás tudo aquilo que construiram. Não o tinha posto bem lá no fundo do poço, não o tinha esquecido, não o tinha mudado (para sempre).



Se tudo o que tinham era tão verdadeiro, então porque abandonar tudo de um dia para o outro? Porque é que não lutou como sempre prometeu? Tantos porquês e não achava nenhuma resposta. Não era mais ela… eram rasgos momentâneos (dela). Ia e voltava (rasgos momentâneos.)(dela)



(O pior de tudo é sempre uma verdade mal contada.)



Porque me fizeste isto? Porquê…?







Os dias custavam cada vez mais a passar.



A hora e meia de tratamento parecia antes um dia e meio, e já nem com as cartas passava mais rápido. Queria que ela voltasse (isso é certo), mas para onde? (ou para quem.).



Os últimos meses tinham sido (no mínimo) confusos. Não só para ele, para ela também. (Principalmente para ela.) (quem era ela afinal?)







Já não se reconhecia a si próprio.



Depois dela partir, jurara a si mesmo que nunca mais iria ter qualquer tipo de relação com ela (quem era ela afinal?) e mesmo assim…tinha acontecido aquilo tudo. Sentia a falta dela, sentia falta de quem eram juntos, sentia falta….(do antigamente?).



E se tivesse sido tudo mais um rasgo momentâneo? E se ele não fosse capaz (nunca) de passar por cima (ou ao lado) do que ela lhe fez? (esquecer não estava na lista de prioridades.)



Durante aquele tempo todo em que ela partira, sentira-se bem (O que os olhos não vêem, o coração não sente.), mas com ela por perto ainda era melhor…sentia-se mais ele (seria mesmo? Ou era um cobrir de toda a raiva que lhe tinha ganho? (rasgo momentâneo)).



Faltava apenas uma semana e quatro dias…para o que quer que fosse (ou para quem), queria que ela voltasse! (Ia ter muito para ler!)







04:57h



- Uma mensagem nova.



Crepe com chocolate quente, e desta vez não te tenho aqui para mo roubares.



Dorme bem *







04:58h



- Uma mensagem nova.



(surpresa pelo telemóvel dar sinal de vida a esta hora)



Já falta pouco para voltares a comer os crepes sem chocolate !!!



Num instante estou aí. Saudades*







(Saudades…)

maio 04, 2009

Completa-me



“Pequenina (não tarda nada estamos nos 30 e ainda és a pequenina!):



Sei que querias estar aqui comigo, mas o teu estágio está primeiro e pensando bem, está quase no fim. As sessões do tratamento também já estão a acabar e vou-me sentindo cada vez melhor.



Queria-te aqui….o sofá está demasiado grande só para mim. O teu relógio ficou cá esquecido! Mas tens sempre que deixar cá qualquer coisa? (por favor continua assim! Assim haverá sempre a desculpa esfarrapada “tens que vir cá busca-lo” para depois ficares por aqui). Não digas a ninguém, mas tento (desesperadamente) todos os dias pôr o relógio, pode ser que o pulso fique mais fino de um dia para o outro e que sinta o teu “tic tac” a pulsar perto de mim.



Ainda há pouco falamos ao telefone…e parece que nunca chega.



Volta rápido pequenina, isto está tudo demasiado vazio.



Completa-me…”







“- Quando voltas?



- Faltam 4 semanas, parece que nunca mais. Mas passa-se alguma coisa? Tens-te sentido mal?! (adorava aquela preocupação constante que por vezes se tornava (muito) irritante. ) Se quiseres volto mais cedo!



-Nada disso, está tudo bem! E tenho sempre que alegrar o hospital com a minha presença…vai passar num instante! Já te contei que sou o mais bonito de lá?



- Sim…eu própria sou vitima desse seu charme completamente…. Como direi? Irresistível?



-Ora nem mais, minha senhora!”







Ao desligar, (ele) sorriu por dentro. Ia-lhe fazer uma surpresa e escrever-lhe um pouco todos os dias! Sabia perfeitamente que ela ia adorar.



Ao desligar ,(ela) esboçou um grande sorriso. Conseguia imaginar a cara dele quando ela lhe aparecesse à porta de casa, uma semana antes do previsto!







Por momentos a casa deixou de estar tão vazia e o cheiro a flores parecia ali estar.

maio 02, 2009

Certezas, ninguém as tem

Antes de lhe tirarem o tapete debaixo dos pés, nunca tinha pensado na possibilidade de o perder.
Pensava apenas que não queria desperdiçar aqueles dias, nunca se sabe o dia de amanhã ( que sentido fazia esta frase… ).
Tinham estado separados dois anos, e pouco (muito?) mudara… mas estava lá tudo. (Seria o mesmo?) Era tudo diferente e tão familiar ao mesmo tempo.
Os últimos meses tinham sido…diferentes, familiares(?). Era um “como dantes” , um bocadinho diferentes. Não se mostravam aos outros, as mãos soltavam-se à saída do elevador. Mas mesmo assim, não trocava nada daquilo.
Pouco tempo tinham passado em casa, apenas as já habituais pausas no sofá (três para um e meio?) os deixavam passar por lá. Havia sempre uma desculpa para lá ficar, lá não haviam olhares indiscretos ou encontros inesperados. Voltaram a cada canto ou lugar “esquecidos” por momentos, inspiraram cada memória em cada rua, em cada jardim, em cada banco. Fizeram mil e quinhentos almoços “pseudo saudáveis”, ela roubou-lhe o chocolate do crepe sempre que pôde e ele…ele guardou cada sorriso dela. Que saudades que tinha de a ver assim…
Queriam guardar aquilo para eles…ele sempre disse “guarda o melhor para ti”, e tencionava que assim fosse por muito tempo.

Tinham-lhes tirado o tapete debaixo dos pés e nem um nem outro sabiam como reagir. Não podiam ficar só por ali…. Ainda tinham tanto pela frente.
O que iria acontecer a seguir? Nem um nem outro eram peritos em esperas….

Certezas, ninguém as tem .